Nós do Instituto Comida do Amanhã seguimos acompanhando os impactos […]
Escrito por Nathalia Figueiredo
em 09/06/2021 |
Nós do Instituto Comida do Amanhã seguimos acompanhando os impactos da pandemia de coronavírus nos sistemas alimentares. Abaixo, nossa seleção de atualizações dos últimos dois meses.
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COVID-19 & Fome.
Segundo a agência de notícias internacional Bloomberg, a fome global atingiu seu ápice após um ano do impacto da pandemia de coronavírus nos salários dos trabalhadores.
No Brasil, uma pesquisa realizada pelo Datafolha no último mês aponta que um em cada quatro brasileiros declarou que a quantidade de comida na mesa para alimentar a família foi menos que o mínimo ideal.
No estado do Mato Grosso, ações de transferência de renda locais ajudam a reduzir a desiguladade social e consequentemente a insegurança alimentar.
Dados do movimento Renda Básica que Queremos apontam que além dos cortes no valor transferido às famílias (de R$ 600 a R$ 1200 para a faixa de R$ 150 a R$ 375), mais de 29 milhões de pessoas foram excluídas do novo auxílio emergencial, em comparação ao número de beneficiários da primeira distribuição.
COVID-19 & Alimentação escolar.
Em relação ao PL 2.392/2020 (que propõe editar o Programa Nacional de Alimentação Escolar para incluir alimentos ultra processados e retirar a prioridade das compras de comunidades tradicionais) que abordamos na última publicação sobre os impactos da pandemia, o projeto foi aprovado na Câmara dos Deputados e ainda pode ser revisto pelo Senado Federal. Órgãos que se declararam contrários ao projeto de lei: Comissão da Educação, Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE/MEC), Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), Casa Civil e Ministério Público Federal.
A Plataforma Brasileira de Direitos Humanos – Dhesca Brasil publicou o relatório “Violações ao direito à alimentação escolar na pandemia de Covid-19: casos do estado do Rio de Janeiro e do município de Remanso (Bahia)”. O relatório traz relatos do descumprimento da atual lei que rege o PNAE, além de recomendações ao poder público.
O canal do Youtube da Procuradoria Geral da República publicou a animação “Alimentação escolar para povos e comunidades tradicionais”, ilustrando boas práticas de aplicação do PNAE para escolas indígenas.
Nos Estados Unidos, o partido progressista quer tornar a alimentação escolar gratuita para todos, substituindo o programa atual que apenas subsidia parte das refeições (vendidas a valores reduzidos), além de aumentar o aporte financeiro para escolas que comprarem alimentos de pequenos produtores locais.
COVID-19 e Padrões de consumo.
Segundo a Organização das Nações Unidas, o preço dos alimentos aumentou em 4,8% globalmente no último mês, podendo chegar ao maior preço desde 2011. A alta foi gerada principalmente pelo aumento no preço dos óleos vegetais, açúcar e cereais.
O estudo “Efeitos da pandemia na alimentação e na situação da segurança alimentar no Brasil”, parte da série de publicações “Food for Justice”, realizada pela Universidade de Berlim em parceria com a UFMG, UNB e BPAD, constatou que o alimento cujo consumo mais cresceu durante a pandemia foi o ovo. O aumento no consumo foi de 18,8% e, segundo os pesquisadores, causado principalmente pela substituição da carne, cujo consumo caiu 44%.
Em relação à carne, pesquisadores ouvidos pela Folha de São Paulo apontaram que seu consumo deve permanecer em baixa no mínimo até 2022, devido a diversos fatores como: queda do poder de compra da população; aumento das importações por parte da China (maior comprador, onde o poder de compra está em alta); aumento da exportação de commodities agrícolas que são base da ração animal; e falta de bezerros no mercado.
Ainda sobre a exportação de commodities agrícolas, no mundo todo o consumo de açúcar, café e laranja estão ameaçados pela crise hídrica que chegou ao Brasil.
COVID-19 & Obesidade.
O Brasil enfrenta um apagão de dados sobre saúde e doenças crônicas. O último levantamento oficial de doenças crônicas por inquérito telefônico (Vigitel) foi divulgado em 2019. Não só o levantamento de 2020 está parado desde maio do ano passado, como não tem data para ser concluído. A pesquisa de 2021 também não tem data para ser iniciada.
Sem dados técnico-científicos não é possível mensurar a ocorrência das doenças crônicas não transmissíveis (como obesidade, sobrepeso, hipertensão e diabetes, a maioria relacionada à má alimentação) e não há como embasar políticas públicas.
Tomando como base o “NutriScore”, sistema francês de rotulagem nutricional, a Nestlé (uma das apoiadoras deste sistema de rotulagem), circulou um relatório interno constatando que 60% dos produtos do seu portifólio tem a nota mais baixa possível do sistema de pontuação, sendo considerados não-saudáveis.
O que comemos muda o mundo.