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Sistemas Alimentares e COVID-19: atualizações Dezembro 2020

Escrito por Nathalia Figueiredo

em 26/01/2021 |

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Nós do Instituto Comida do Amanhã seguimos acompanhando os impactos da pandemia de coronavírus nos sistemas alimentares. Abaixo, nossa seleção de atualizações do mês de dezembro de 2020.

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COVID-19 & Fome.

Ao longo de 2020, a cesta básica ficou mais cara em todas as capitais do país, segundo dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos. E em todo o país, a alta no preço dos alimentos pesou mais no orçamento das famílias mais pobres. O preço de itens básicos como arroz, feijão, leite e óleo de soja subiram cerca de 69,5%, 40,8%, 25% e 94,1%, respectivamente. Enquanto itens mais consumidos pelas famílias de maior renda, como passagens aéreas e itens de recreação, tiveram queda nos preços durante os onze primeiros meses de 2020.

O salário mínimo atingiu o menor poder de compra dos últimos 15 anos, sendo o suficiente para comprar apenas 1,58 cestas básicas de 13 itens por mês, o que está levando mais brasileiros a diferentes níveis de insegurança alimentar.

Em São Paulo, a distribuição de 3.000 kits de alimentos pela CEAGESP (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo) gerou filas quilométricas e aglomerações. As “filas da fome” têm sido um retrato frequente do aumento da insegurança alimentar durante a pandemia.

COVID-19 & Alimentação escolar.

No estado do Rio de Janeiro, as aulas presenciais para a rede de ensino estadual retornarão em março, para 70 mil alunos em situação de vulnerabilidade social (o que representa 10% do total).

Os municípios começaram a discutir o início do ano letivo e retorno das aulas presenciais na rede municipal pública. Na rede privada, as atividades presenciais retornaram em setembro do ano passado. O Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação do Rio de Janeiro (Sepe-RJ) e o Sindicato dos Professores do Município do Rio de Janeiro e Região (Sinpro-Rio) afirmam que o retorno só pode ocorrer com a vacinação de toda a comunidade acadêmica, pois as unidades de ensino não têm condições iguais de retorno com higiene e isolamento.

Enquanto isso, a Prefeitura do Rio de Janeiro chegou em dezembro com acúmulo de pagamentos atrasados no cartão de alimentação escolar, que deveria ter distribuído o valor de R$54,25 à 641 mil estudantes da rede municipal. Devido ao atraso, a Defensoria Pública do Rio de Janeiro entrou na justiça solicitando o bloqueio das contas da Prefeitura e criou um formulário para verificação virtual de quantos alunos estão recebendo o aporte.

Das 1990 respostas ao formulário, 720 famílias afirmaram não ter recebido a recarga de nenhum dos alunos.

O Fórum Brasileiro de Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (FBSSAN), Aliança pela Alimentação Adequada e Saudável, Ação da Cidadania, FIAN Brasil, Campanha Nacional pelo Direito à Educação, o Movimento Sem Terra (MST), e a Comissão de Presidentes(as) de Conselhos Estaduais de Segurança Alimentar e Nutricional, uniram-se para pedir a prorrogação do estado de calamidade, de modo que os estados e municípios possam continuar distribuindo kits merenda para as famílias de alunos em isolamento.

Confira aqui os guias produzidos pela Organização das Nações Unidas para manter a alimentação escolar durante a pandemia e como realizar corretamente a reabertura das instituições de ensino.

COVID-19 e Padrões de consumo.

Um estudo publicado na revista científica MDPI Nutrients avaliou o consumo de ultraprocessados e nível de atividade física entre adolescentes durante a pandemia, comparando cidades de diferentes regiões da América Latina (como o Rio de Janeiro, no Brasil) e da Europa. Os resultados apontaram aumento no consumo destes produtos alimentícios e redução da atividade física, principalmente na América Latina, hábitos que contribuem para o desenvolvimento de obesidade e doenças crônicas não transmissíveis. Os dados brasileiros foram levantados pelo Instituto de Nutrição Josué de Castro (UFRJ), Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteir (UFRJ) e Escola Nacional de Saúde Pública (Fundação Oswaldo Cruz).

O consumo de bebidas alcoólicas subiu durante a pandemia no Brasil, principalmente entre os jovens, o que levou ao crescimento da indústria de cervejas.

COVID-19 & Obesidade.

A organização ACT Brasil organizou um seminário on-line, como parte do curso para gestores do SUS, de políticas públicas municipais e enfrentamento da obesidade, em parceria com o Instituto de Nutrição Annes Dias (UERJ).

Em relação à vacinação contra o novo coronavírus, os indivíduos com obesidade estão incluídos na fase 3 do plano de vacinação nacional, por serem considerados grupo de risco. Contudo, não há datas de início ou término de distribuição das doses.

O que comemos muda o mundo.

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