Foto: Juliana Rossini O LUPPA é o Laboratório Urbano de […]

A importância e o impacto da realização do 2º laboratório de políticas públicas alimentares

Escrito por Nathalia Figueiredo

em 17/02/2023 |

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Foto: Juliana Rossini

O LUPPA é o Laboratório Urbano de Políticas Públicas Alimentares, em que representantes de diversos municípios do Brasil se unem para trabalhar na construção de uma agenda integrada de SAN – Segurança Alimentar e Nutricional – e clima em suas cidades. A segunda edição do LUPPA LAB foi realizada de forma presencial na cidade de São Paulo entre os dias 01 e 03 de fevereiro de 2023. O texto Como foi o 2º LUPPA LAB conta mais sobre cidades participantes, convidados e visitas técnicas deste evento.

Esta edição teve um tempero especial com a expressiva representação dos conselhos de controle sociais das cidades participantes. 66% dos municípios contaram com a participação de membros da sociedade civil em harmonia com representantes das prefeituras, cumprindo um dos principais objetivos do LUPPA que é alavancar a construção de políticas públicas com participação social. Importante também valorizar que mais de 60% dos presentes eram mulheres, dando a possibilidade das vozes femininas serem parte da transformação dos sistemas alimentares.

Outro destaque desta edição é a diversidade territorial das cidades presentes. Foram 26 cidades de diferentes tamanhos e realidades das regiões Norte, Nordeste, Centro- Oeste, Sul e Sudeste do País. As cidades amazônicas com sua conjuntura bastante distinta do restante do Brasil tiveram a possibilidade de dialogar e trocar experiências e desafios com os demais municípios. Além disso, 12 cidades participantes da primeira edição mantiveram seu compromisso com a comunidade LUPPA e retornaram para participar da segunda edição do LAB, somadas às cinco cidades mentoras, Curitiba, Recife, Salvador, Osasco e São Paulo. A participação destas cidades mostra o engajamento das mesmas na participação das atividades propostas pelo LAB, e a importância de refletir e agir sobre a dinamicidade dos sistemas alimentares.

Sabemos que as capitais brasileiras, em geral, são referências de ações e políticas públicas em diferentes esferas. A ampla participação de capitais brasileiras no LAB demonstra a relevância e uma tendência do comprometimento com a agenda de SAN ao longo de todo o Brasil. As capitais engajadas na comunidade LUPPA são Rio Branco, Belém, Palmas, Recife, Salvador, Curitiba, Porto Alegre, Belo Horizonte e destaque para São Paulo, cidade mentora e sede do evento presencial. O comprometimento da cidade de São Paulo pode ser visto não somente pela possibilidade de sediar o evento, mas também pelo fato da pauta de SAN estar distribuída por oito secretarias municipais, tendo como ponto focal a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e Trabalho que conta com a Coordenadoria de Agricultura e a Coordenadoria de Segurança Alimentar e Nutricional. O engajamento com a agenda de SAN no município também pode ser notado pela presença de quatro secretarias na mesa de abertura do LAB, sendo elas Secretaria Municipal das Subprefeituras, Secretaria Municipal de Relações Internacionais, Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e Trabalho, e Secretaria de Direitos Humanos e Cidadania.

 

Assim, o engajamento e comprometimento das cidades pode ser vista tanto ao longo das edições do LUPPA, mas também neste evento presencial, que teve grande adesão das cidades e parceiros desde o início até o fim. Os participantes chegaram muito motivados e saíram ainda mais comprometidos em incluir a pauta de sistemas alimentares saudáveis e sustentáveis como agenda central das políticas públicas municipais.

Para que este engajamento fosse real e contínuo, o LAB contou com uma jornada metodológica muito bem desenhada e conduzida pela equipe LUPPA com apoio da Reos Partners. No primeiro dia, além da abertura do evento, os presentes participaram de uma rodada de apresentação, de uma pequena fala sobre colaboração estendida e de uma rica dinâmica de troca de experiências. Esta última contou com a participação de convidados especiais em cada grupo trazendo a possibilidade de uma reflexão maior sobre os temas discutidos nos grupos e também com o intuito de esclarecer dúvidas e expor angústias. Na manhã do segundo dia foram organizadas três visitas técnicas simultâneas pela cidade, oferecidas pela Prefeitura de São Paulo, com o intuito de conhecer práticas e equipamentos públicos de referência. Já na parte da tarde, a principal atividade foi o mapeamento sistêmico, em que os participantes identificaram alguns temas e áreas de mais impacto para a transformação dos sistemas alimentares municipais para que sejam mais saudáveis, justos, e sustentáveis. Finalmente, no último dia foi feito coletivamente um exercício de construção do chamado “projeto âncora” das cidades. O projeto âncora é uma ferramenta desenvolvida pelo LUPPA com o intuito de apoiar as cidades a identificarem e agirem sobre um ponto de alavancagem da transformação do sistema alimentar da cidade para construir ou desenvolver Planos Estratégicos ou de Ação, Planos de SAN, intersetoriais, participativos, e com visão sistêmica.

Ou seja, a realização do LAB presencial confirmou a habilidade de manter a adesão e o engajamento das cidades participantes e parceiros, mas também de inovar em sua proposta metodológica de laboratório social voltado a buscar as causas sistêmicas da atual conformação dos sistemas alimentares para que uma verdadeira transformação possa ser colocada em prática a partir das políticas públicas municipais. Todas as atividades propostas foram norteadas pelos quatro princípios do LUPPA, sendo eles: intersetorialidade, compromisso político, participação social e aprendizado mútuo.

Todos estes fatores são características intrínsecas do LUPPA, o que enriquece a troca e o compartilhamento de experiências entre as cidades e forma uma comunidade engajada e comprometida com a transformação dos sistemas alimentares. A possibilidade de um evento presencial permitiu um resultado mais impactante para os participantes, fortalecendo os vínculos, a construção de uma rede de apoio e, finalmente, o despertar da inteligência coletiva das cidades participantes. É exatamente com este resultado que se faz possível e real a mudança de cultura na gestão pública para o tema de sistemas alimentares e compreensão do verdadeiro e amplo papel das políticas alimentares.

Assim, encerramos esta etapa presencial com a sensação de dever cumprido. O LAB presencial conseguiu transmitir as mensagens planejadas e plantar a semente nos participantes e cidades presentes. Na verdade, trata-se muito mais do que somente uma esperança e sim a noção de que o impacto causado já é real e que as cidades saem deste evento com a noção da relevância da construção compartilhada da pauta de sistemas alimentares nos municípios, com participação social, engajamento, intersetorialidade, e uma governança mais ampla e inclusiva. Ou seja, a realização do LAB traz mais que uma esperança e sim a possibilidade real de transformação dos sistemas alimentares.

O LUPPA é um projeto do Instituto Comida do Amanhã, em correalização com o ICLEI América do Sul com o apoio pleno do Instituto Ibirapitanga e do ICS – Instituto Clima e Sociedade, apoio especial da Delegação da União Europeia no Brasil, Embrapa e do WWF Brasil e apoio institucional da ACT Promoção da Saúde, Alimentação Consciente Brasil, Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura – FAO Brasil e Humane Society International e parceria metodológica da Reos Partners.

Nossa segunda edição conta com a mentoria das cidades de Curitiba, Osasco, Recife, Salvador e São Paulo e das organizações: Cátedra Josué de Castro de Sistemas Alimentares Saudáveis e Sustentáveis da USP – Universidade de São Paulo, do CECANE – Centro Colaborador em Alimentação e Nutrição Escolar da UFAM – Universidade Federal do Amazonas, do GEPPAAS – Grupo de Estudos, Pesquisas e Práticas em Ambiente Alimentar e Saúde da Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG, do GEPAD – Grupo de Estudos em Agricultura, Alimentação e Desenvolvimento da Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS, do IDEC – Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor, do Instituto Kairós Ética e Atuação Responsável e do Instituto Regenera.

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