Seguimos monitorando os impactos da pandemia de coronavírus sobre os […]
Escrito por Nathalia Figueiredo
em 21/12/2020 |
Seguimos monitorando os impactos da pandemia de coronavírus sobre os sistemas alimentares.
Abaixo, nossa seleção de conteúdos do mês de novembro:
COVID-19 & Fome.
Durante a pandemia, o Programa Mundial de Alimentos venceu o Prêmio Nobel da Paz pela atuação do programa no combate à fome. Durante a entrega do prêmio, David Beasley, Diretor Executivo do Programa, alertou para a epidemia de fome que pode ofuscar o coronavírus.
A Organização das Nações Unidas publicou o relatório bianual Poverty and Shared Prosperity Report onde demonstra que a pobreza extrema aumentará pela primeira vez desde 1990, em decorrência das crises causadas pela pandemia e deixará 235 milhões de pessoas dependentes de ajuda humanitária.
Nos Estados Unidos, os roubos de alimentos aumentaram devido à falta de assistência do governo no combate à fome.
No Brasil, o preço da batata subiu devido a fatores climáticos e a cesta básica chegou a quase R$1.000. Segundo pesquisa do Datafolha, 53% dos brasileiros utilizaram o auxílio emergencial para compra de alimentos. Com o corte do auxílio pela metade (de R$600 para R$300) cada vez mais brasileiros estão precisando escolher entre pagar as contas e se alimentar.
COVID-19 & Alimentação escolar.
O FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação) publicou resolução que permite repasse de parcela extra para o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). No total foram transferidos 349 milhões de reais para entes federativos de todo o país.
Mirena Boklis, mestranda da Faculdade de Saúde Pública da USP e integrante do Nupens (Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde), transformou sua dissertação de mestrado sobre o PNAE em um vídeo explicativo de três minutos sobre o impacto do programa na saúde dos estudantes.
COVID-19 e Padrões de consumo.
“Camila sofre de doença celíaca, isto é, ela não pode consumir alimentos com glúten, com traços de glúten, armazenados próximos a glúten ou preparados nos mesmos equipamentos que preparam glúten. (…) Infelizmente, os alimentos sem glúten são mais caros. Não basta comprar o que está escrito no rótulo “sem glúten”, pois não pode conter nenhuma porcentagem de traço ou contaminação cruzada. (..) Com o corte do seu salário e, consequentemente, o corte desses pequenos confortos, Camila parou de sentir vontade de cozinhar.” Este é um dos muitos relatos contidos no estudo “Pandemia à Moda da Casa: O que comemos durante a maior crise sanitária da nossa época”.
O estudo foi trabalho de conclusão de curso de Camila Saplak, graduanda de Jornalismo na @universidadeufsc. Camila aborda os impactos da pandemia na alimentação no estado de Santa Catarina durante quatro meses de apuração e traz histórias e relatos que certamente se repetem em todo o país.
Em Belo Horizonte, capital do estado de Minas Gerais, o número de estabelecimentos que vendem predominantemente ultraprocessados cresceu em 154% durante a pandemia.
COVID-19 & Obesidade.
A Global Health Advocacy Incubator publicou o relatório “O enfrentamento de duas pandemias: como as grandes corporações de produtos alimentícios sabotaram a saúde pública na era da COVID-19”. Através do monitoramento de 18 países, constatou-se aumento de estratégias de marketing agressivo (como “ações de solidariedade”) e lobby por parte de multinacionais de alimentos ultraprocessados e junk foods.
O que comemos muda o mundo.