“É para nós uma honra poder participar ativamente desse debate e levar para o mundo exemplos exitosos, a partir do Brasil e dos municípios brasileiros, junto com uma reflexão de como tornar as políticas alimentares cada vez mais orientadas para a garantia da soberania alimentar” - Mónica Guerra

A perspectiva feminista dos sistemas alimentares nas cidades no 52º Comitê de Segurança Alimentar Mundial (CFS 52)

Escrito por Nathalia Figueiredo

em 22/10/2024 |

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O 52º Comitê de Segurança Alimentar Mundial (CFS 52) está acontecendo em Roma nesta semana, reunindo líderes globais, organizações internacionais, representantes da sociedade civil e do setor privado para discutir e tomar decisões cruciais sobre as políticas de segurança alimentar e nutricional. O evento, que acontece de 21 a 25 de outubro, busca enfrentar os desafios alimentares globais, agravados pelas crises como a das mudanças climáticas, conflitos armados e desigualdades socioeconômicas.

Este ano, o evento está focado em vários tópicos importantes, incluindo a análise do Relatório de 2024 sobre O Estado da Segurança Alimentar e Nutrição (SOFI), bem como a atualização do Programa de Trabalho Plurianual (2024-2027) do CFS, e o relatório recém lançado pelo  Painel de Alto Nível de Especialistas em Segurança Alimentar e Nutricional (HLPE-FSN) sobre “Fortalecimento dos sistemas alimentares urbanos e periurbanos para alcançar a segurança alimentar e nutricional no contexto da urbanização e transformação rural” além de outros fluxos de trabalho e prioridades em andamento do CFS. Ao longo dos 5 dias, o encontro inclui sessões temáticas globais, além de eventos paralelos.

Na ocasião, serão discutidos caminhos de implementação das diretrizes voluntárias em Equidade de Gênero e o empoderamento de Mulheres e Meninas no contexto de segurança alimentar e nutricional (Voluntary Guidelines on Gender Equality and the Empowerment of Women and Girls in the context of Food and Nutrition Security) , publicadas pelo CFS e acordadas em junho de 2023, um documento importante para o avanço na intersecção entre a agenda de segurança alimentar e de gênero.

Dentro deste tema, no dia 23 de outubro, acontecerá o evento paralelo com foco na intersecção entre a agenda de sistemas alimentares e o recorte de gênero, coordenado pela TMG Think Tank For Sustainability, nomeado “Uncovering the invisible: a feminist call for urban food system transformation (Descobrindo o invisível: um apelo feminista à transformação do sistema alimentar urbano)”, e co-realizado pelo Comida do Amanhã, Philanthropic Foundations Mechanism, Caritas Nairobi e UNDP. O evento será realizado em formato híbrido, na sala Filipinas, das 8:30-9:45 no horário local (3h30 às 5h45, no horário de Brasília).

Durante a sessão será explorado como uma perspectiva feminista é crucial para transformar os sistemas alimentares nas cidades, abordando as desigualdades e amplificando as vozes das mulheres e comunidades marginalizadas que desempenham papéis vitais no fornecimento de alimentos, comércio e gerenciamento de crises, mas muitas vezes enfrentam exclusão nos processos de tomada de decisão.

O Comida do Amanhã estará enviando um vídeo sobre o tema, produzido a partir de um artigo de opinião elaborado a partir do tema do evento, refletindo sobre as políticas alimentares no Brasil e o recorte de gênero, contribuindo para uma reflexão sobre políticas sensíveis ao gênero e políticas forjadas a partir do debate feminista. Serão apresentados alguns exemplos de municípios que têm avançado nessa agenda, muito a partir de políticas que colocam a autonomia das mulheres e a abordagem agroecológica no centro do seu desenho.

Para co-fundadora do Comida do Amanhã, Mónica Guerra, a transformação dos sistemas alimentares será possível quando todas as dimensões da segurança alimentar e nutricional forem devidamente alcançadas, o direito humano à alimentação é inalienável dos demais direitos que devem ser garantidos pelas políticas públicas e os dados mostram de forma inequívoca que mulheres são as que mais sofrem com a insegurança alimentar, ao mesmo tempo que são as maiores responsáveis pelas atividades do cuidado e de garantia de alimentação para suas famílias e comunidades. “É para nós uma honra poder participar ativamente desse debate e levar para o mundo exemplos exitosos, a partir do Brasil e dos municípios brasileiros, junto com uma reflexão de como tornar as políticas alimentares cada vez mais orientadas para a garantia da soberania alimentar”, pontou.

Para acompanhar o evento, que será transmitido em inglês, espanhol, português e francês, basta se inscrever neste link: https://fao.zoom.us/meeting/register/tJAtf-6oqjwvGtagozGOeS58N1_K4YLIuKVR#/registration.
Para ler o artigo de opinião pode acessar aqui (em Inglês).

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